Retomada das cirurgias eletivas na Santa Casa de Corumbá; rescisões de contrato de prestação de serviços de médicos do hospital, e o índice de nascidos-vivos na maternidade local, foram alguns dos importantes assuntos debatidos na noite de ontem, segunda-feira, 8, na Câmara Municipal.
Presente ao plenário da Casa de Leis, o presidente da Junta Interventora Administrativa da Santa Casa de Corumbá, Milton Carlos de Melo, que estava acompanhado do diretor-clínico do hospital, Eduardo Lasmar Pacheco, que foram ‘sabatinados’ pelos vereadores presentes sobre os temas constantes da pauta, bem como outros assuntos relevantes em relação aos serviços prestados pela instituição hospitalar.
A presença de Milton de Melo foi resultado de um convite feito pelos vereadores Roberto Gomes Façanha (PP) e Allex Dellas (PDT), justamente para sanar dúvidas surgidas nos últimos dias. Os vereadores Ubiratan Canhete de Campos Filho, Bira (PSDB); Samyr Sadeq Ramunieh (União); Gaúcho da Pró-Art (PP); Yussef Salla (PDT); Genilson José (União); Chicão Vianna (PSB); Daniel Brambilla (PRD); Raquel Bryk (PRD); Elinho Junior (PP); Nelsinho Dib (MDB), e Alexandre Vasconcellos (PSDB), também participaram da sessão.
CIRURGIAS ELETIVAS
O primeiro tema tratado foi justamente sobre as cirurgias eletivas, paralisadas durante a pandemia da Covid e retomadas no ano passado. Conforme o diretor-clínico da Santa Casa, cerca de 700 pessoas já foram atendidas desde o retorno desse procedimento. Outras 1.500 pessoas estão no aguardo, mas Lasmar assegurou que a fila está andando, apesar das dificuldades enfrentadas pelo hospital.
Observou que nos últimos dias houve um avanço, a partir da adesão de novos profissionais médicos contratados para atender exclusivamente, esta demanda. “Mas é importante lembrar que o nosso centro cirúrgico só possui quatro salas de cirurgia que são usadas também para cesarianas, baleados, esfaqueados, fraturados, cirurgias vasculares, ou seja, várias cirurgias de urgência que precisam ser também divididas com as cirurgias eletivas”, revelou.
Revelou que não há condições de programar “30, 40 cirurgias, se não tem sala, não tem pessoal para dar suporte a estas cirurgias. As eletivas são agendadas previamente, uma média de 10 a 12 por dia. O nosso centro cirúrgico é pequeno para a quantidade de cirurgia que nós gostaríamos de fazer. Já realizamos 700 e acredito que, em breve, nós vamos conseguir dar uma diminuída na fila”, enfatizou, acrescentando que são cirurgias patrocinadas pelo Município e pelo Estado, e que o hospital aguarda a formalização da parceria com o Governo Federal, que está em andamento.
Destacou que os novos profissionais vieram justamente para esta finalidade, já que outros profissionais médicos dividem seu tempo entre atendimentos nas unidades de saúde, nos consultórios e em cirurgias de urgência e emergência.
Outro problema é que existem somente dois anestesistas para urgência e emergência dentro da Santa Casa, e que não há profissionais disponíveis no Estado para reforçar a equipe local.
COVID, UM PROBLEMA
A longa fila de espera, conforme Lasmar, é reflexo da pandemia da Covid, quando as cirurgias eletivas foram paralisadas. Disse que antes, o processo corria normalmente e que ele própria fazia de 25 a 30 cirurgias por mês.
“Ficamos praticamente dois anos parados e ainda temos um grande problema: a maior dos médicos que atendiam na época, tem suas atividades, consultórios, suporte de saúde, plantões de emergência. Essa equipe que veio é mais nova, não tem vínculo nenhum com o município a nível de posto de saúde, não fazem plantão. Eles têm o dia todo para agendar e fazer as cirurgias, diferente dos mais antigos”, lembrou.
Milton Melo, durante o debate, lembrou que as construções de um novo Centro Obstétrico e da UTI Neonatal estão correndo na justiça, mas ele acredita que as obras do novo centro seja iniciada, por meio de uma parceria com a UniCesumar Corumbá, com a UTI ficando para o próximo ano.
RECISÕES DE CONTRATOS
Outro assunto questionado foi em relação à ‘dispensa’ de médicos. O presidente da Junta Interventora explicou que o que houve realmente, foi a rescisão contratual de uma empresa que prestava serviços à Santa Casa, uma instituição com direitos públicos, mas privada, que tem regras, que formaliza contratos conforme a legislação brasileira, que pode ser desfeito a qualquer momento, pelas duas partes.
Deixou claro que não foi questão política, tanto que citou a presença de um cirurgião que é candidato, e que continua desenvolvendo suas atividades profissionais normalmente no hospital local. Lembrou ainda que, os médicos que faziam da empresa que teve o contrato rescindido, podem retornar a qualquer momento, contratado por outras empresas que prestam serviço à Santa Casa.
MORTALIDADE INFANTIL
Em relação aos índices de óbitos de nascidos-vivos na maternidade local, a direção do hospital corumbaense, apresentou números, dando conta da redução nos últimos anos. Milton informou que, oito anos atrás, a média era de 40 óbitos. Houve uma redução gradativa e 2023 fechou com 18. Hoje são cinco nascidos-vivos que vieram a óbito.
Lasmar observou que o correto é não ter nenhum, que cada óbito “é uma perda empoderada”, e que o custo para se implantar uma UTI Neonatal, não paga a vida de uma criança, e que é preciso investir nisso. Ressaltou que existem fatores que levam ao óbito, como rompimento de placenta, mãe que não fez o pré-natal ou que é diabética, criança que nasce com uma anomalia, entre outros fatores.
Acrescentou que, apesar de não ter uma UTI Neonatal na maternidade local, a saúde corumbaense recorre à UTI Aérea Neonatal, fazendo cerca de quatro transporte de crianças para Campo Grande, para tratamento.
Disse não acreditar que nenhuma criança que tenha morrido após o nascimento, tenha sido por falta de uma UTI Neonatal. “Todas foram, quando necessário, transportadas para Campo Grande”, ressaltou para, em seguida, lembrar estatística do Ministério da Saúde sobre óbitos de nascidos-vivos, inclusive em Campo Grande onde existem várias UTIs Neonatal.